Quem poderia imaginar que passaríamos por algo parecido: uma pandemia causada por um novo vírus? Bem, na verdade, para os especialistas, isso nunca foi uma questão de "se acontecer" e sim de "quando acontecer". As alterações causadas no meio ambiente decorrentes de nosso estilo de vida (leia-se aqui modo de consumo, produção de resíduos, extinção das espécies, etc.) transformou e está transformando o planeta. O mesmo saiu de seu ponto de equilíbrio, alcançado ao final de última glaciação, era chamada de holoceno, e avança rapidamente rumo ao aquecimento global irreversível. Fato é que a humanidade caminha a passos largos e apressados rumo a um grande e transformador ponto de inflexão. Diante dessa situação há a guerra de desinformação e manipulação, bizarrices como terraplanismo e negacionismo climático tornam-se conceitos aceitos por parte da população, através do fenômeno da autoverdade, que proclama que um a laranja é uma cadeira, e os seguidores assim aceitam.
De qualquer forma é fato que os rumos da humanidade precisam ser mudados, uma vez que o abismo está bem a frente. A questão é como fazer esta mudança, de modo consciente ou forçado. Neste último caso seria mais uma remediação, uma adaptação a um mundo colapsado, algo como uma sociedade tipo Mad Max, dominado por milícias, tribos e o medo. . . O fim do humanismo!
A pandemia surge como uma oportunidade de repensarmos nossa relação com o planeta, nossa casa, assim como a relação entre nós mesmos. O sistema econômico, valores, necessidades, tudo pode e deve ser revisto. Começando pela economia e sua relação com as reservas naturais. Há uma contradição entre uma economia baseada em crescimento infinito e um planeta com recursos finitos. Consumimos mais do que o planeta pode repor, isto vai em direção ao colapso, quanto mais tempo adiamos a mudança, maior será o preço a se pagar.
E assim continuamos, em um mundo globalizado, totalmente interdependente de cadeias de suprimento e consumo, é como um motor automobilístico onde a falha de um componente pode fazer a diferença entre funcionar ou não. Tornamos o mundo em uma máquina devoradora de recursos naturais e produtora de pessoas excluídas. É este o mundo ideal? Por que não mudar?
Militão FigueredoRecife, 08/05/2020